Opiniões sobre o político

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O poder moral da democracia

Tenho uma certa dificuldade para leitura. Não tenho muita intimidade com papéis. Mas, justamente devido a essas dificuldades, prefiro ater-me àquilo que eu mesmo escrevo. Falo daquelas dificuldades que mencionou o Embaixador Ricupero. Mas eu gostaria de começar dizendo que eu não poderia iniciar essa conferência ao celebrarmos os 20 anos de nascimento da Nova República, com o início da Presidência do meu querido amigo José Sarney. Não posso esquecer que isso ocorreu depois do trágico falecimento de um homem exemplar, Tancredo Neves, que serviu em favor de um país popular e democrático com a construção da transição da democracia dentro de um processo em paz e sem renunciar às transformações substantivas que depois seriam completadas com dois fatos que me parecem fundamentais. Em 1986 tivemos a primeira eleição com voto universal e logo depois a eleição da Assembleia que faria a nova constituição. Como um homem da política eu

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Um marco histórico

Eu poderia falar em portunhol, porque a nossa fronteira tem a língua da integração, conforme disse em seu tempo o Presidente José Sarney; porém, por segurança, hoje eu falarei em espanhol. Vocês sabem que o Uruguai é um país com uma certa particularidade. A nossa história está envolvida com a história do Brasil, com a história de Portugal, com a história do Rio Grande, com a história da Argentina. E nós sempre vivemos entre esses dois grandes países, com uma relação de permanente fraternidade, vivendo suas coisas boas e, claro, também, os seus problemas. Ser um país pequeno entre dois grandes. Eu sempre digo que ser uruguaio não é apenas uma condição, mas sim, uma profissão. Hoje nos propõem um olhar sobre 1985. Um olhar sobre aqueles anos. É muito bom ter essa perspectiva porque hoje já temos a possibilidade de olhar para trás. O que era então a nossa

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Buscar o que nos pode unir

Marco Maciel • Senador por Pernambuco, Vice-Presidente da República, da Academia Brasileira de Letras Buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que nos pode unir parece constituir o grande objetivo da Política, porque se queremos viver juntos na divergência, princípio vital da democracia, estamos fadados a nos entender. Impõe-se assim acreditar na força das idéias, compreender que a política não pode ser o meio da conservação, mas de transformação, e que a firmeza das convicções não deve ser empecilho para o entendimento capaz de transformar o poder em instrumento de justiça, igualdade e paz social. Faço tais observações por considerar que episódios significativos incorporados à história brotaram de provisão da capacidade de homens públicos de anteciparem-se às crises e, de modo sintônico, resolvê-las em consonância com as aspirações nacionais. Fazer memória desses fatos que se transformaram em datas paradigmáticas serve de pedagogia cívica e ajuda a iluminar o futuro,

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Um prodígio popular

Jorge Bornhausen • Senador por Santa Catarianl, Governador de Santa Catarina, Presidente do PFL Vinte anos é pouco para quem acha efêmero tudo o que não tem a idade das pirâmides. Mas, às vezes, a realidade cria situações incontornáveis e obriga, até a esses céticos, a celebrar décadas como se fossem milênios. Eu os relembro muito bem. Os homens de pouca fé de 1984, que nos viraram as costas quando, homens de boa vontade, apostamos na experiência e vocação política de Tancredo Neves e o adotamos como profeta e guia, líder e evangelista e o tornamos Presidente eleito de fato, plebiscitariamente, de um País em que era negado ao povo, constitucionalmente, a eleição direta para Presidente da República. Não houve mágica nem ilusionismo, mas sim um prodígio popular. O povo brasileiro fundou a sua democracia na contramão do formalismo e da liturgia que lhe são inerentes. Poucas vezes no mundo

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A inversão de um processo de terror cívico

Garibaldi Alves Filho • Senador pelo Rio Grande do Norte, Presidente do Congresso Nacional, Governador do Rio Grande do Norte Há vinte anos tomava posse, perante o Congresso Nacional, o primeiro Presidente da República civil depois de mais de vinte anos de ditadura militar. Encerrava-se um ciclo histórico, e, mais que isso, terminava um processo que amadureceu com a adesão consciente de todo o povo brasileiro. São fatos históricos recentes, arraigados ainda na crônica política contemporânea e na memória de todos os brasileiros. O dia 15 de março de 1985 marcou a inversão de um processo de temor cívico, na medida em que a ditadura já conseguira, quase que de forma definitiva, inocular o medo na consciência e no coração dos brasileiros, e este dia significou a reversão desse processo de terror, negação e antítese de todos os postulados republicanos. Por isso, Sr. Presidente, embora tributando todas as homenagens aos

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Um dia singular

Antônio Carlos Magalhães • Senador pela Bahia, Presidente do Congresso Nacional, Governador da Bahia Hoje é um dia singular na democracia brasileira. Costumo repetir que todos os movimentos, desde trinta para cá, até mesmo antes da República e até mesmo da Independência, todos esses movimentos, civis ou militares, foram feitos com o apoio da opinião pública nacional. Sem o apoio da opinião pública nacional, jamais teriam acontecido! Sem o apoio da opinião pública nacional, Tancredo Neves não teria sido Presidente da República! Hoje, aqui, homenageamos dois grandes brasileiros de uma só vez: Tancredo Neves e o Presidente José Sarney. O Presidente José Sarney, de quem tive a honra, por indicação de Tancredo, de ser Ministro por cinco anos, soube, como ninguém, portar-se em momentos difíceis, talvez o mais difícil da República. Sempre o tratei com o respeito indispensável que se deve tratar o Presidente da República. E até me lembro,

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Convite à reflexão

Renan Calheiros • Senador por Alagoas, quatro vezes Presidente do Congresso Nacional Este não é só um momento de celebração, mas é também um convite à reflexão. No dia 15 de março de 1985, o Congresso Nacional se reuniu para encerrar uma etapa crucial na história política do País. Com a posse do primeiro presidente civil, depois de 1961, demos início ao longo e vital processo de restauração da democracia, ceifada por conflitos e crises de natureza político-militar que, lamentavelmente, entristeceram toda a América Latina. Não era a primeira vez que, no século passado, vivíamos o transe de superar um período de excepcionalidade política, para tentarmos a reconstrução daquelas que nunca deixaram de ser as aspirações dos brasileiros de todas as gerações: a convivência pacífica, a estabilidade institucional e a busca da prosperidade econômica, com o fortalecimento das instituições democráticas. Assim foi com o fim do Estado Novo, em 1945.

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